Monday 10 March 2008

Dia da Mulher: faz ou não sentido?

Há cerca de século e meio, a 8 de Março de 1857, mais de uma centena de mulheres perecia num incêndio que deflagrou na fábrica onde trabalhavam, em Nova Iorque, e onde, nesse mesmo dia, se haviam reunido para reivindicar melhores condições laborais. Mais tarde, em 1910, em homenagem a esse grupo de mulheres, que faleceram por uma causa, instituiu-se o Dia Internacional da Mulher, que se celebra todos os anos a 8 de Março.
A ideia seria chamar a atenção para o papel da mulher na sociedade e para a problemática da igualdade de oportunidades. E, de facto, algum progresso foi conseguido, não podemos negar que as mulheres ocupam já alguns cargos de significativa importância na sociedade, embora também seja evidente, infelizmente, que alguns preconceitos e ideias distorcidas persistem, baseados na diferença biológica entre o homem e a mulher.
A hegemonia masculina continua patente, justificando desigualdades e actos inconcebíveis como os da violência do homem perpetrados sobre a mulher. São dezenas as mulheres que perecem anualmente em Portugal nas mãos dos seus companheiros, e os números não são elucidativos da realidade, uma vez que as denúncias – apesar de este ser agora considerado um crime público e de terceiros poderem denunciá-lo às autoridades – nem sempre se efectivam, para além do facto de existirem casos de violência contra a mulher que passam como meros acidentes domésticos.
Na Polónia, o conservadorismo a respeito do tema é bem evidente. As mulheres casam cedo, logo têm filhos e deixam de trabalhar para a eles se dedicarem. O homem continua a ser o principal elemento a sustentar a casa e a família. Desconheço estatísticas referentes à discriminação de género no país, mas julgo que, dada a concepção patriarcal fortemente enraizada na sociedade e o elevado consumo de álcool, não devem ficar abaixo dos números verificados nos países ocidentais. Acontece que a visibilidade da problemática é muito reduzida, como aliás, me parece, a sua discussão.
Exemplo disso é o facto de, no Dia da Mulher, pensado para debater questões de género, direitos humanos e igualdade de oportunidades no sentido de uma maior harmonia e respeito mútuo, os polacos se limitarem a presentear as mulheres com uma flor. Ora, esta atitude tanto pode entender-se como um gesto de admiração, superficial e diplomático, como com uma forma de silenciar as mulheres, de as manter num estado passivo, dando continuidade ao status quo, que é, indubitavelmente, favorável ao homem.
A situação não é, porém, muito melhor noutros países, como o nosso, em que apesar de se registar uma evolução positiva, se verifica que o tema é discutido pontualmente nestas ocasiões, caindo de seguida de novo no esquecimento da generalidade da população.
Para que a equidade efectiva seja uma realidade há que apostar sobretudo na educação, de maneira a erradicar estereótipos que passam subtilmente de geração em geração, muitas vezes veiculados inconscientemente pelas próprias mulheres.
E àqueles que são avessos aos movimentos feministas, relembro que ser feminista não significa estar contra o homem nem tão-pouco postular o conceito de super-mulher. A solução reside, no meu entender, no equilíbrio, no respeito pelas diferenças e na defesa incondicional da dignidade humana. Nesta, como noutras áreas do nosso quotidiano, a união faz a força.

3 comments:

Anonymous said...

Para mim pessoalmente não faz sentido nenhum porque trato a mulher de igual para igual. Mas infelizmente em virtude de alguns homens é capaz de se justificar. Hoje em dia o futuro às mulheres pertence :).

Unknown said...

Acho que faz muito sentido. A mulher é o circulo perfeito. No seu interior reside o poder de criar, acalentar e transformar.

Cristoval said...

As mulheres na Polonia nao estao matadas como norma por os homens, isto acontece na Espana, e na Portugal, como dizes asim. Entretanto e verdade que nao se debate muito este problema. Educacao e obviamente la solucao pois assim as mulheres podem tem independenca financeira e fazer seus vidas da seu maneira